Governo do Rio de Janeiro Rio Poupa Tempo na Web Governo Aberto RJ
Acessibilidade na Web  Aumentar letra    Diminuir letra    Letra normal
PROGRAMA ESTADUAL DE TANSPLANTES
Início » Fique por dentro » Notícias » Transplante de pele: tudo o que você precisa saber

Notícias

RSS

03/02/2017

Transplante de pele: tudo o que você precisa saber



Funcionando como curativo para aliviar a dor, reduzir o risco de infecções e ajudar na cicatrização de feridas e queimaduras, o transplante de pele oferece aos pacientes uma chance de sobrevivência nas primeiras semanas de tratamento. Em entrevista ao portal do Programa Estadual de Transplantes (PET), o cirurgião plástico e responsável técnico do Banco de Pele em implantação no Rio de Janeiro, Victor Lima, esclarece algumas dúvidas sobre o procedimento. Confira.

Programa Estadual de Transplantes – Como funciona o transplante de pele? Como é a cirurgia?
Victor Lima – O transplante de pele funciona para garantir que uma pessoa que está internada em decorrência de uma grande queimadura consiga sobreviver às primeiras semanas de tratamento, quando ela não tem cobertura de pele. Então, a pele é retirada em camadas muito finas, de modo que não descaracterize o corpo do doador – que pode ser velado normalmente - e é processada de uma forma especial dentro do Banco de Tecidos para ser armazenada e compatível com qualquer pessoa. O paciente, então, é levado para o centro cirúrgico e anestesiado. As camadas de pele doadas são aplicadas nas regiões queimadas e se integram ao corpo do paciente. Depois de duas semanas começa um processo de rejeição, que ocorre em 100% dos casos. A pele transplantada é temporária, apenas para servir de curativo. Nossa pele tem três funções básicas: regular a temperatura, impedir infecções bacterianas do meio externo e regular perdas de água. Se a pessoa queimada não tem pele, ela perde a barreira mais importante que ela tem para essas três situações. É por isso que todo paciente grande queimado morre, geralmente, por infecção hospitalar. Com o transplante, durante duas semanas esta pele funciona como se fosse dele. A dor vai a zero. É uma forma de salvar vidas.

PET – Quais são os requisitos para a doação?
VL –
O primeiro e principal requisito é querer doar e depois disso as equipes do PET e Banco de Pele farão a avaliação clínica do doador. Há algumas condições que não permitem a doação, pois conferem um risco de transmissão de doenças aos receptores. De uma forma geral, quem levou uma vida saudável e não morreu de causa desconhecida pode doar pele.

PET – Qual é a idade que o doador deve ter?
VL –
A doação é aceita se o doador tiver entre 15 e 70 anos.

PET – Quais são os requisitos para receber o tecido?
VL -
Não há requisitos. De acordo com a portaria do Ministério da Saúde, o uso de pele humana doada é reservado para os pacientes grandes queimados hospitalizados (mais de 40% de superfície corporal queimada) ou outras pessoas que tenham perdido uma grande área de pele devido a outras causas. Existem algumas graves doenças que afetam a pele de pessoas, se comportando similar a uma queimadura. Um exemplo é a Síndrome de Steven Johnson (necrólise epidérmica tóxica), onde uma grave reação alérgica medicamentosa pode arrasar com a pele do paciente de forma similar a uma grande queimadura.

PET – Como fica o corpo do doador?
VL -
A doação passa despercebida para a família do doador. Nós retiramos uma finíssima parcela da camada mais superficial da pele e, mesmo assim, de áreas que ficam escondidas debaixo da roupa usada para velórios/sepultamentos. A espessura da pele retirada é de 0,2 mm, mais fina que um papel A4. Só retiramos pele das coxas, das costas e da barriga. Como a retirada é feita sempre após o coração parar de bater, não há sangramento. A pessoa leiga não consegue notar diferença entre a parte que teve pele retirada e partes adjacentes onde não houve retirada.

PET – “Quanto” de pele um doador pode fornecer?
VL –
Depende, obviamente, do tamanho do doador. Uma doação habitual varia entre 2 a 4 mil centímetros quadrados de pele retirada. O suficiente para salvar a vida de um paciente queimado.

PET - Há riscos de rejeição?
VL -
A pele é 100% rejeitada após duas semanas. É o esperado. Ela descama e por baixo dela o tecido em cicatrização estará com um aspecto infinitamente melhor do que estaria se não tivesse sido usado o transplante de pele.

PET - Como é o armazenamento de tecidos no Banco de Pele?
VL -
A pele fica armazenada dentro de recipientes contendo glicerol puro (glicerina a 99% de concentração) em refrigeradores (de 2 a 8 graus celcius) por até dois anos.

PET - Pode falar um pouco sobre o processo de conscientização por parte da população?
VL -
A maioria das pessoas sabe que se doam rins, fígado, coração, pulmões e córneas. Pouquíssima gente sabe da possibilidade de doar tecidos: ossos, tendões, pele... Quando a família é abordada pelos profissionais do Banco de Tecidos e pelo PET e descobrem que podem doar ainda mais e ajudar ainda mais pessoas necessitadas, geralmente o fazem com alegria e compaixão. A população precisa ser educada a respeito da possibilidade de doar tecidos e que essa doação não descaracteriza o corpo do ente querido. Precisamos de mais ações sociais e atingir todas as camadas da sociedade para que saibam que doar tecidos é hoje uma realidade, e que isto é uma forma de preservar a memória do ente querido e achar consolo num momento de luto e tristeza. É uma ação que propaga a vida, e não há ato mais belo ou de mais compaixão que este.

Ligue 155 - disque transplante

Secretaria de saúde
Links interessantes:
Rio com saúde Rio sem fumo Rio imagem 10 minutos salvam vidas Xô, Zika !!