21/02/2014
“Os mitos atrapalham porque disseminam falsas informações sobre o processo de doação-transplante”, diz psicóloga do PET
Mesmo com a divulgação constante de informações sobre doação de órgãos muitas pessoas ainda têm conceitos equivocados sobre transplantes. Tais equívocos fazem surgir dúvidas e até mesmo mitos que, muitas vezes, tornam-se obstáculos na hora da família autorizar a doação.
Uma dúvida recorrente é sobre a necessidade de ter um documento ou registro que confirme a vontade de ser doador. Segundo Janaina Lenzi, psicóloga do serviço da coordenação familiar do Programa Estadual de Transplantes, a doação de órgãos e tecidos no Brasil ocorre somente com a autorização formal da família, após a confirmação da morte do potencial doador, conforme a Lei Federal 10.211. “As manifestações por escrito feitas em vida possuem apenas valor simbólico e podem apenas servir como um auxílio à família do falecido na tomada de decisão”, afirma. Por isso a importância de conversar com a família sobre o assunto.
Para ser doador de órgãos e tecidos não há limites de idade, o que elimina a ideia da existência de uma idade mínima ou máxima definida para este procedimento. Especula-se que pessoas mais velhas não são capacitadas para doar, mas, de acordo com André Albuquerque, médico e coordenador do departamento de educação e pesquisa do PET, isso é mito. “O que definirá a possibilidade de doação são as condições clínicas do doador, que serão avaliadas no momento de sua morte”, diz.
Outro mito que envolve o tema está relacionado à condição financeira ou status social do receptor. Essas questões não interferem em hipótese alguma na hora de receber o transplante. Para a distribuição dos órgãos e tecidos entre os pacientes que aguardam por uma nova vida são utilizados critérios objetivos.
“São feitas avaliações como a compatibilidade sanguínea, o tempo de espera em fila, a compatibilidade genética, a relação de peso e altura entre o receptor e o doador, entre outros”, explica André, que acrescenta: “cada órgão e tecido têm o seu critério de alocação definido em legislação pelo Ministério da Saúde”.
Para Janaína, os mitos criam barreiras que podem dificultar na hora da família dizer sim à doação. “Eles disseminam falsas informações sobre o processo de doação-transplante, como venda de órgãos, compra de lugar na fila de espera, falsos diagnósticos, e outros, provocando a descrença nas pessoas. Mas devemos lembrar que o sistema de transplante no Brasil é seguro, informatizado e possui lista única, fazendo com que seja o maior sistema público do mundo e o segundo em realização de cirurgias, possuindo grande credibilidade e reconhecimento internacional”, conclui.