30/03/2021
Covid-19: doadores infectados fazem cair o número de transplantes
Por Nayra Pacheco
O número de transplantes de órgãos vinha crescendo no Brasil antes da pandemia. Com o aumento das estatísticas de pessoas infectadas pela Covid-19, automaticamente, caiu o número de doações e transplantes realizados. No Rio de Janeiro, em 2019, foram 802 transplantes de órgãos contra 699 em 2020.
Com o objetivo de amenizar a situação geral, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) estabeleceu diretrizes para os transplantes e isso inclui o teste de Coronavírus em doadores e receptores.
“Pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT), o possível doador de órgãos tem que ter 30 dias de remissão dos sintomas da doença. Ou seja, acima desses 30 dias ele pode doar. De qualquer forma, sempre realizamos a coleta por meio do swab em todos os nossos doadores. Quanto aos receptores, eles são testados no próprio Centro Transplantador”, informou a Diretora Técnica do Programa Estadual de Transplantes, Ana Carolina Almeida.
Para a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), as doações e os transplantes mais afetados foram os de: rim, fígado, pâncreas, coração e pulmões. A falta de leitos de Unidade de Terapia Intensiva, devido à pandemia, assim como a contaminação pela própria doença contribuem para a queda dos procedimentos.
“A Covid-19 ativa ou dentro dos 30 dias de remissão da doença exigidos pelo SNT impossibilitam a doação. Algumas vezes, também, a família autoriza a doação e quando realizamos os testes, descobrimos que o possível doador estava contaminado e nem sabia, porque não tinha sintomas”, completou a Diretora.
A redução do número de transplantes pode estar ligada também à queda na notificação de potenciais doadores com morte encefálica, condição provocada por uma lesão cerebral grave decorrente de traumatismo craniano ou falta de oxigênio para o cérebro, resultante, por exemplo, de um afogamento ou parada cardíaca. Outro fator a ser considerado é que os pacientes com doenças cardiovasculares têm procurado atendimento médico com menos frequência, por medo de infeção pelo Coronavírus. Muitas vezes, eles acabam sofrendo um acidente vascular cerebral em casa e, infelizmente, não sobrevivem. Dessa forma, as equipes notificadoras ficam impossibilitadas de agir.