12/12/2016
O momento é de dor, mas o ato é de amor
Victor Souza de Oliveira tinha 21 anos quando sofreu um acidente de moto, em agosto de 2015, e teve o diagnóstico de morte cerebral. O momento, triste e doloroso para os familiares, foi transformado em uma oportunidade de vida para outras cinco pessoas. A mãe e a esposa respeitaram a sua vontade, manifestada em algumas conversas do tipo “se um dia acontecer comigo eu gostaria que doassem meus órgãos”, e assim foram doados fígado, rins e córneas.
“Já entendia o que era morte cerebral, mas demorei um pouco para aceitar e entender o que estava acontecendo. A equipe médica explicou com clareza por quantas horas eles achavam que meu filho aguentaria e tomamos a decisão (minha nora e eu) para que pudesse ser feita a retirada dos órgãos”, conta a mãe, Marcia Elena Sousa de Oliveira.
A assistente administrativo lembra a conversa com a equipe do Programa Estadual de Transplantes sobre a possibilidade da doação.
“A conversa foi boa e esclarecedora, intensa e triste para nós, que ficamos e amamos tanto um ente querido. Mas foi determinante. Digo que foi triste porque sabia que ali não tinha mais volta para o meu filho, então, para qualquer mãe é difícil demais. Mas também tinha consciência de que estaríamos fazendo o melhor em nome dele”, diz.
Marcia Elena aproveita para ressaltar a importância de pensar além da dor.
“A experiência é a de doar amor, de fazer o bem ao próximo e, por mais que doa em mim não ter mais ele perto fisicamente, sei que ele vive em outras pessoas, que teve a chance de salvar outras vidas, então isso é gratificante. É a pior experiência que uma mãe gostaria de passar, mas se Deus te enviou o ser mais importante da sua vida e permitiu que ele partisse nessas circunstâncias de poder ajudar o próximo, seja forte. Eleve o seu pensamento a favor de poder ajudar quem precisa tanto de uma chance para continuar vivendo”, afirma. “A mensagem que eu deixo é de amor. Ame a vida, ame o próximo, se ame todos os dias. Ame seu filho incondicionalmente, como eu sempre fiz com o meu. Um rapaz lindo, meu parceiro, meu amigo, meu tudo. E se Deus te colocar à prova numa situação como essa seja forte. A gente nunca imagina que pode acontecer, mas infelizmente acontece. Tenho certeza de que tomei a melhor e mais acertada decisão. Fiz por amor a ele e ao próximo. Em minhas orações peço sempre que tenha conseguido salvar essas pessoas que receberam os seus órgãos, uma lição de vida”, conclui.