07/06/2016
O que diferencia o coma da morte encefálica?
Esclarecimento é uma palavra fundamental quando se fala em transplantes. Por se tratar de um tema amplo e técnico, promover conhecimento sobre as questões que cercam a doação de órgãos e tecidos pode ajudar no momento de decisão da família. Pensando nisso, o Programa Estadual de Transplantes entrevistou o coordenador do setor de Educação e Pesquisa do PET, Onofre Barros, e reuniu informações sobre as questões que mais causam dúvidas: a morte encefálica e o coma. Confira a entrevista.
Programa Estadual de Transplantes: O que diferencia o coma da morte encefálica?
Onofre Barros: A característica mais importante na diferença entre coma e morte encefálica é que o coma é reversível e a morte encefálica, irreversível. O exame clínico para detectar morte encefálica é objetivo e não permite dúvidas.
PET: Quando uma pessoa entra em coma, torna-se um potencial doador?
Onofre Barros: Não. O potencial doador é o paciente com detecção de morte encefálica, que será avaliado pela Central de Transplantes sobre a viabilidade dos órgãos. A seguir, existe ainda a etapa de abordagem da família quanto a autorização para doação.
PET: Como é realizado o diagnóstico da morte encefálica?
Onofre Barros: Seguindo a Legislação Brasileira, o diagnóstico de morte encefálica é realizado através de dois exames clínicos, com intervalo de 6 horas. É necessário que um dos médicos que realizará o exame seja especializado em neurologia, neurocirurgia, neuro pediatria ou neuro fisiologia. Também é preciso realizar um exame gráfico, eletroencefalograma ou doppler, por exemplo, que pode ser feito entre os exames clínicos ou após a realização destes.
PET: Existe alguma possibilidade de se reverter um quadro de morte encefálica?
Onofre Barros: Não. A morte encefálica é irreversível. Uma maneira de compreender isso é saber que, apesar de parecer um subtipo específico, ela não se difere da característica irreversível que o conceito da morte possui.
PET: Por quantos dias após a morte encefálica o coração pode continuar batendo?
Onofre Barros: Sem as funções cerebrais a chance de parada cardíaca do paciente é muito grande. Ao ocorrer a parada cardíaca, a doação de órgãos já não é mais possível. Por isso, contamos com pouquíssimo tempo para fechar o diagnóstico de morte encefálica, abordar a família sobre a doação e seguir para a captação.
PET: O paciente em morte encefálica sente alguma dor?
Onofre Barros: Não. Sem as funções encefálicas, o paciente já não sente dor, cansaço ou desconforto.
PET: Gostaria de acrescentar com mais alguma informação?
Onofre Barros: É importante lembrar aos profissionais de saúde que a Central de Transplante possui muitos modelos de capacitação e treinamento. Podemos disponibilizá-los para as unidades públicas ou particulares. E quanto à população em geral, é importante conversar sobre o tema para que todos saibam a posição contra ou a favor da doação de órgãos.