22/03/2012
Curso prepara profissionais na abordagem de famílias envolvidas em doação de órgãos
O contato com a família de um possível doador de órgão é uma tarefa considerada estressante para muitos médicos. Por não saber o que falar ou como lidar com a situação, a maioria teme aumentar ainda mais a dor dos parentes. O assunto será tema do curso promovido pelo Programa Estadual de Transplantes (PET) nos dias 28 e 29 de março, no Centro Universitário de Volta Redonda. As inscrições são gratuitas e devem ser feitas até o dia 25 de março (clique aqui e faça a sua inscrição). A capacitação será dividida em dois módulos independentes. No primeiro dia será apresentado todo o processo de transplante, no dia seguinte, as palestras terão como base um guia com doze passos que orienta como deve ser feito o acolhimento familiar e a abordagem do tema doação de órgão.
De acordo com o guia, o procedimento adotado pelo profissional de saúde inicia antes mesmo da notificação da morte, conhecendo o caso em profundidade e colocando-se a disposição para conversar com a família. A entrevista com os parentes é a parte mais delicada do processo. Nesse contato, o profissional deve explicar com clareza o diagnóstico de morte encefálica e informar a possibilidade de doação.
Desde que entrou em vigor a Lei Federal 10.211, de 2001, a família ocupa um papel fundamental na doação de órgãos. Segundo a atual legislação, mesmo que o paciente tenha manifestado em vida o desejo de doar seus órgãos e tecidos após sua morte, o transplante só pode ser realizado com a autorização de seus familiares.
Nos dois primeiros meses do ano passado, 28% das entrevistas familiares foram favoráveis à doação. No mesmo período em 2012, após o guia de 12 passos ser disponibilizado para as equipes do PET, as aprovações subiram para 60%. A expectativa é que esse número cresça ainda mais com a capacitação de novas turmas. O índice tem relação direta com o aumento no número de doadores, que chegou a 40 este ano.
- Sabemos que a atitude pessoal frente ao familiar pode definir sua resposta. O profissional deve demonstrar confiança ao explicar o processo de doação, além de confortar a família. É muito difícil aceitar a perda, por isso, o protocolo também ajuda a consolar o ente emocionalmente abalado pelo óbito – afirma a psicóloga Kátia Magalhães, da Coordenação Familiar do Programa Estadual de Transplantes.
A psicóloga é a idealizadora do guia, baseado no protocolo Spikes, desenvolvido por médicos norte-americanos para comunicar más notícias à pacientes com câncer. Kátia adaptou o método para a realidade dos transplantes de órgãos.
- A idéia de formar uma equipe de Coordenação Familiar, formada por psicólogos e assistentes sociais e voltada para o acolhimento familiar durante e após o processo de doação, foi trazida de minha experiência em Nova York, ano passado. Felizmente está dando certo - revela o coordenador do Programa Estadual de Transplantes, Eduardo Rocha.