03/11/2014
RJ bate novamente recorde em captação de órgãos para transplantes
No primeiro semestre de 2014, o Rio de Janeiro atingiu a segunda posição nacional em captação de órgãos, de acordo com dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO). O Programa Estadual de Transplantes (PET) registrou 124 doações e 305 transplantes realizados; sendo 4 de coração, 77 de fígado e 224 de rim. Essa marca é um recorde para o período.
Em 2013, o recorde de doações anual no estado foi batido: em todo o ano foram registrados 225 doadores, contra 221 em 2012. A inauguração em fevereiro do ano passado do Centro Estadual de Transplantes (CET) e o início das cirurgias de transplantes pediátricos em abril no Hospital Estadual da Criança (HEC) foram fundamentais para alcançar essa marca. Atualmente, as duas unidades ocupam, respectivamente, o segundo lugar nacional no ranking de transplantes hepáticos adulto e pediátrico.
- No ano passado, reestruturamos todo o sistema de doações e transplantes do estado, principalmente com a abertura do CET, que se tornou mais uma opção de qualidade para o paciente que precisa da cirurgia de transplante. Foi um ano bastante produtivo, mas nossa meta para 2014 é aumentar ainda mais o número de doações de órgãos – avalia o coordenador do Programa Estadual de Transplantes, Rodrigo Sarlo.
Antes da criação do PET, em 2010, o Rio de Janeiro ocupava a lanterna da captação de órgãos do país.
Ações que fazem a diferença – Em parceria com a Universidade de Barcelona, diversos profissionais já passaram por cursos de capacitação em transplantes. O curso espanhol é considerado o melhor do mundo e aquele país é referência mundial na área e tem o maior número de doadores de órgãos por milhão de habitantes. Isso se deve ao investimento que o país fez na formação de coordenadores intra-hospitalares de transplantes, responsáveis por trabalhar no processo doação de órgãos dentro dos hospitais. O “modelo espanhol” já foi implementado em quatro unidades de saúde. A qualificação dos profissionais do Rio de Janeiro foi reconhecida pelo Ministério da Saúde, que solicitou vagas para que pessoas de outros estados participem do curso. Outra ação foi aumentar a remuneração dos profissionais e investir na melhoria das condições de trabalho.
Organização de Procura de Órgãos (OPOs) – Duas Organizações de Procura de Órgãos (OPOs) do estado do Rio de Janeiro foram inauguradas em 2014. A primeira funciona desde fevereiro no Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro (Iecac), no Humaitá, e a mais recente foi inaugurada em setembro no Hospital São Francisco de Assis. As OPOs são organismos de coordenação supra-hospitalar, responsáveis por organizar e apoiar as atividades relacionadas ao processo de doação de órgãos e tecidos. Elas tem o objetivo de descentralizar o processo de doação de órgãos e tecidos, fazendo uma cobertura regional pré-estabelecida.
Receita do sucesso – Gestão, modernização, capacitação e comunicação. Estes foram os quatro pilares que mudaram o rumo e transformaram o Rio de Janeiro em exemplo para o Brasil na área de transplantes. Empregada em vários países da Europa, a ferramenta de gestão Donor Action foi importada pelo Governo do Estado para ser usada nos hospitais estaduais de emergência, com o objetivo de diagnosticar as falhas no processo de notificação de possíveis doadores e, a partir disso, foi desenvolvido um protocolo de procedimentos. O crescimento que a ferramenta trouxe na área de transplante em outros países foi o diferencial para implantá-la no estado. Um exemplo do sucesso da aplicação desta ferramenta é o Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, premiado em 2012 pelo Ministério da Saúde pelo recorde na captação de órgãos. Sozinha, a unidade superou 11 estados brasileiros.
O estado também investiu na aquisição de cinco aparelhos de perfusão renal chamados LifePort Kidney Transporter, que melhora a condição de alguns rins específicos, que antes não poderiam ser utilizados para transplantes. Mais de 30 rins já tiveram suas condições melhoradas. Este investimento é especialmente importante porque rim é o órgão com maior demanda de transplantes no Brasil e no mundo. Rio de Janeiro e Ceará são pioneiros nos país na aquisição desta máquina. O valor investido nos aparelhos foi de R$ 1 milhão.