09/10/2017
“Doar me ajudou a ter forças para superar o momento de tristeza”
(Arquivo Pessoal) “Não é fácil enterrar um filho. Ainda me emociono muito ao falar sobre o assunto”. Foi com essas palavras que Mônica Rabelo aceitou dar uma entrevista durante o lançamento do cartão do doador, realizado no Hospital Estadual Alberto Torres (HEAT), em São Gonçalo, no dia 29 de setembro. “Mas o meu desejo, com esta entrevista, é que as pessoas se conscientizem sobre o quanto é importante doar os órgãos. Isso me ajudou muito a ter forças para superar o momento de tristeza”, encoraja.
Mônica é mãe de Ronald Rabelo que, aos 22 anos, foi baleado numa tentativa de assalto na porta de casa, em Bangu. Internado no Hospital Albert Schweitzer, o jovem foi transferido para o HEAT, referência na rede estadual para casos de trauma de alta complexidade. Quando os médicos decretaram a morte cerebral, apesar de ter ciência do estado de saúde do filho, Mônica não queria ouvir e nem falar com ninguém sobre o assunto.
“Mas a equipe do hospital, muito preparada, esteve presente conosco o tempo todo, esclarecendo todas as dúvidas com muita paciência e entendendo o momento que estávamos passando. Eu não queria conversar sobre o assunto. Porque é muito difícil, não é? Mas, aos poucos, tendo consciência da possibilidade de salvar outras vidas, respeitei a vontade do meu filho”, conta Mônica.
O caso de Ronald é um exemplo do quanto é importante conversar com a família sobre o desejo de ser um doador de órgãos. O jovem já havia manifestado a vontade para a mãe.
“Não houve dúvidas quanto a isso. Sou cristã, entendo que depois que a gente morre o corpo acaba, então, por que não ajudar a quem precisa?”, diz a mãe, revelando ainda que o ato de caridade a ajudou a enfrentar o luto.
(Arquivo Pessoal) “É importante que as pessoas saibam o quanto a doação nos conforta e nos ajuda a passar pelos momentos de tristeza. Saber que meu filho continua vivo de alguma forma é muito bom”, conta.
Na ocasião, Mônica recebeu um convite feito pela Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT) do HEAT para plantar um pé de jasmim num espaço reservado no local chamado “jardim do doador”. É lá que o jasmineiro cresce, representando o ato de amor e caridade da família.