05/08/2015
Lutador enfrenta a necessidade de transplante renal com a ajuda do esporte
O lutador de MMA Gustavo Careca percorreu um caminho longo, com muitos obstáculos e muita necessidade de superação até conseguir um novo rim. O jovem descobriu ter insuficiência renal tardiamente, quando a doença já estava em estado avançado. Lutador desde os 12 anos, Careca sentia dores na nuca, na lombar e cansaço, mas como tinha uma rotina de treinos intensa, não desconfiava de ser um problema tão sério.
“Só descobri quando acompanhei um atleta da academia que necessitou de um atendimento médico durante uma luta em Teresópolis. Senti um cansaço extremo e, aproveitando que estava em uma unidade hospitalar, pedi para um médico me avaliar. No fim das contas, meu colega foi liberado e eu fiquei internado”, relembra.
A partir dali a vida do lutador passou por uma grande transformação. Após diversos exames foi constatado que ele era hipertenso e o problema havia evoluído para uma insuficiência renal. Ao retornar para o Rio de Janeiro, foi encaminhado para hemodiálise, mas ele não aceitou a nova realidade e, durante o tratamento, resolveu voltar a treinar.
“Desde criança vivenciei o esporte e, de repente, ficar longe daquilo tudo foi um choque. Contrariando recomendações médicas fiz uma luta profissional ainda na hemodiálise, mas fui direto para o hospital. Foi uma daquelas imaturidades que quase me fez perder minha maior preciosidade, que é a vida”, diz, emocionado.
Depois do susto veio a força. As quatro horas diárias de hemodiálise, três vezes na semana, não eram mais perda de tempo e sim esperança de vida. A máquina de hemodiálise passou de inimiga a melhor amiga, mas nem mesmo a vontade de vencer impediu que alguns acontecimentos daquela rotina abalassem Careca. Segundo o lutador, o medo do pior acontecer aumentava quando chegava para o tratamento e percebia alguma cadeira vazia. Era a confirmação de que algum companheiro havia perdido a luta pela vida.
Porém a notícia mais esperada por Careca chegou no dia 1º de abril, Dia da Mentira. Em 2010, a Equipe Transplantadora entrou em contato com ele para avisar da possibilidade de um transplante renal, mas o lutador desconfiou da ligação.
“Liguei de volta para o hospital para me certificar de que não era trote. Só depois da confirmação que fui realizar os exames de compatibilidade e foi quando recebi a notícia de que a minha hora tinha chegado”, relembra.
Após cinco anos do transplante e tendo uma vida normal, sem grandes restrições, Careca quer levar adiante a importância da doação de órgãos e tecidos justamente através do esporte, que foi o seu grande aliado para superar todas as dificuldades. Neste sábado (8/8) ele fará isso com a primeira edição profissional do Gladiator MMA Pro – Lutando pela Vida, que vai levantar a bandeira da doação e conscientizar a população sobre a importância deste gesto nobre.
“A luta para algumas pessoas pode significar agressividade, mas para mim é vida, assim como o transplante. O transplante é visto como morte, mas acredito que hoje em dia é uma forma de renascimento”, resume.